domingo, 16 de setembro de 2012

Debates

 16 de Setembro de 2012

Há alguns dias, reservei uma parcela do meu dia cheio para assistir ao debate dos candidatos à prefeitura da minha cidade. Após uma profunda observação, notei claramente a importância de uma coisa que tem sido ignorada nas últimas décadas, por uma série de questões que nem aqui caberiam, se eu tivesse a intenção de listá-las: a comunicação. A habilidade de expressão, de persuasão e de clareza raramente são requisitos para uma série de profissões ou graduações.
Hoje, não é necessário saber ler e escrever para se formar no ensino fundamental, nem sequer para ser presidente da república. Não é cobrado dos profissionais e estudantes uma escrita que no mínimo faça uso da língua portuguesa corretamente, tampouco a conjugação correta dos verbos ao se falar e, digamos que a persuasão hoje é vista como um dom, e não uma habilidade que se trabalha e desenvolve.
Mas são em situações de discussões civilizadas como essa que me deparei na tv há alguns dias, que a questão da comunicação que é quase sempre implícita se dá de maneira tão importante, imponente e determinante nos resultados das votações.
Das muitas coisas que observei, duas merecem destaque. Na minha cidade, há dois perfis muito comuns de candidatos. O primeiro, é um candidato de boa índole e disposto a  trabalhar pela cidade, porém é tímido e sofre com a exposição pública, pois tem uma visível dificuldade de articulação da fala. O segundo, é um candidato acomodado, que muitas vezes é corrupto ou de má índole, porém tem um vasto conhecimento da língua portuguesa e um admirável poder de persuasão.
O primeiro, é atuante no ramo político há alguns anos, já ocupou alguns baixos cargos públicos e tem tentado promover melhorias na cidade. Ele foi candidato a prefeitura nas últimas eleições, porém não ficou entre os primeiros "classificados" nas votações por motivos óbvios.
O segundo, é o atual prefeito. Ele e seu partido estão no mandato há anos e creio que suas propostas sejam as mesmas desde a sua primeira candidatura. Isso porque nada foi concluído. Em debates como o ocorrido há pouco, ele utiliza seus conhecimentos linguísticos para desarmar seus concorrestes, pois como sua conduta como funcionário público deixa a desejar, descredibilizar os adversários aumenta suas chances de vencer. E aplausos para ele, pois convence a todos nós.
A questão hoje em dia vai muito além de honestidade e boas propostas. Os vitoriosos são aqueles que conseguem nos convencer, driblar nossos receios e nossas críticas. Não se fazem grandes negociações com potências econômicas nem se chega ao planalto sem domínio da comunicação. Saber o que dizer, quando dizer e se adequar à quem vai se dizer, faz seus índices subirem nas pesquisas eleitorais.
Ao que cabe a nós, cidadãos, é o mínimo de conhecimento e preparo para tentar driblar esses especialistas em persuasão. A maioria deles se aproveita da de seus leigos eleitores para dizer que fez o que não fez, e que dessa vez fará o que antes não houve verba para fazer, quando sua conta corrente está transbordando dinheiro público.

Enquanto nos deixarmos levar pelas palavras bonitas e confortantes que são apresentadas gratuitamente no horário nobre, nosso país vai continuar andando pra trás.
Então, que reavaliemos nossos conceitos e nossos votos enquanto é tempo, pois caso contrário, serão mais 4 anos de enfeites de natal na Av. dos Autonomistas e pinturas vermelhas por toda a parte (como se a nossa cidade tivesse dono), enquanto as pessoas passam fome na rua.

Nenhum comentário:

Postar um comentário