segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Mentira teatral de todo dia

A parte mais difícil de olharmos pra nós, é sabermos que poderíamos ser muito melhores que isso. Pra cada um de nós que assiste a vida, pra cada um que é platéia, não protagoniza, não sangra, não sente, não chora... Apenas aplaude. De pé, como se os aplausos despertacem de um sonho intenso protagonizado por outras pessoas, uma vida que pra nós é de mentirinha, é só história, enquanto pros que acima do palco se curvam, é a dignidade de uma vida suada e digna. Os aplausos acabam, a história também, todos se retiram do teatro e retornam para suas casas repensando uma infinidade de coisas que deveriam fazer, mas que não vão. E continuam a levar guardado na bolsinha de moedas a vida fútil que têm, tentando escondê-la de si mesmo, tentando adormecê-la pra poder descansar em paz durante o resto da noite. Pra que mudar? Pra que ir além? Pra que batalhar pra ser mais do que isso? É só por uma noite... Amanhã, as cortinas se abrirão novamente pra me mostrar um novo espetáculo, onde poderei rir, chorar, sentir como se fosse meu e fizesse parte de mim, e depois aplaudir pra acordar do sonho e continuar levando a vida... E enquanto essa hora não chega, tomo um chá morno, me conforto com a novela das 20h, e jogo minha vida no lixo.