quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Dia de ouvir o silêncio



Há alguns dias, discutiamos numa roda de amigos sobre a magia de se ouvir o silêncio. Em tempos que carros, trens, aviões, sirenes, vendedores ambulantes e outros tantos barulhos preenchem cada cm² de espaço na minha querida São Paulo, momentos para se ouvir o silêncio são raros e sutis, ocupam um curto espaço de tempo que muitas vezes passa despercebido.
A magia de ouvir o silêncio, pra mim, vai além de se ouvir os pássaros, ouvir o vento soprando as árvores... Pra mim, ouvir o silêncio significa ouvir a alma. Nesse tumúlto que são nossos dias, quase nunca nos preocupamos em ouvir o coração, ouvir o espírito, o que nosso interior tem a dizer. Falo por mim, que há muito tempo não me permitia ouvir...
Depois de um dia agitado, com notícias boas e outras ruins, com coisas que deram certo e outras nem tanto, tirei o fim de tarde pra ouvir a mim. Tranquilamente, em silêncio, dei uma limpada na minha vida. Digo, uma limpada nas estantes, nos papéis bagunçados, nas notas fiscais jogadas, nos jornais esquecidos. Estendi os lençóis, coisa que não faço. Abri as janelas... Deixei o sol e a brisa do crepúsculo adrentarem. Escutei meu coração, cansado, incompreendido, mais por questões existenciais do que por problemas externos... Dei um tempo pra mim.
Agora, o silêncio é preenchido pelo som repetitivo dos teclados. Nada mais. Me sinto mais leve e serena, pelo simples fato de escutar o clamor da minha alma. Paz. É isso que me faltava, é isso que me falta todos os dias. Preencher meu tempo com utilidade, com cultura, com prazer, com silêncio. A escrita me ajuda a ouvir o silêncio e a traduzir o que minha alma quer dizer. Por isso, deixo aqui registrado, mesmo que seja pra ninguém ler, que ela não mais sairá da minha vida.
Os dias de ouvir o silêncio são necessários a todos nós. Experimente um pouco ouvir o seu silêncio, entender a sua dor, sua angústia. O fato é que a resposta pra quase todos os nossos problemas está dentro de nós... Basta ouvir.





Boa tarde!






Débora Damy
22 de novembro de 2012

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Desabafo: falando de respeito.

Dia estranho.

Sampa voltou a ser a terra da garoa por uns instantes, o que faz os paulistas relembrarem velhos e úmidos tempos. Mas dias nublados são tristes. As coisas não fluem, os problemas aparecerem e as feridas doem, o sentimentalismo aflora. Junto a ele, afloram as poesias mórbidas e as músicas tristes, e principalmente as profundas reflexões de indignação.
Falando nisso, vejo que a palavra "respeito" tem se perdido ao passar dos anos e, em dias de chuva, sua ausência se mostra marcante. Qual a dificuldade em respeitar os outros? Não entendo como seres racionais e "evoluídos" que somos, sentem tamanha dificuldade em assimilar e reproduzir respeito.
Respeito às opiniões, às crenças, aos pontos de vista, ao trabalho que as outras pessoas realizam. Respeito ao amor, à confiança, aos parceiros... Respeito aos amigos e às suas decisões, respeito à família.
Por que será que é tão difícil amar e respeitar ao próximo, como Jesus tentou nos ensinar? Penso em falta de orientação, de educação, em desvio de caráter. Mas ao meu pequeno e pensante ser, nenhuma justificativa parece plausível, válida. A questão é que estamos todos um tanto quanto perdidos, errôneos e julgáveis, vulneráveis. Mas a essência, aquela que fica lá no fundo, continua aqui. E eu torço pra que essa, pelo menos em mim, se mantenha intacta e guiando meu falho ser. Me guiando pra que eu não peque pelo excesso de respeito e conservacionismo em alguns aspectos, e nunca, nunca, peque pela falta de respeito ao próximo.
Então, mesmo em tempos realmente difíceis, que eu tenha força para transbordar amor e respeito, e que eu seja menos uma pra essa grupo deprimente de pessoas que dispensam mas comentários.

Mais um desabafo, e fim.
Bom feriado, e menos desgosto pra mim.

Um beijo.