quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

A mão

Em uma dessas minhas recentes tardes de tédio, descobri a magia de escrever a mão. Confesso que além das minhas tentativas de diário quando criança, e as cartas para coleguinhas na mesma fase, nunca havia experimentado produzir um texto sobre mim, à tinta no sulfite. Eu sempre deixei as idéias escaparem, e só dessa vez optei por escrevê-las e depois transcrevê-las com aqueles pequenos ajustes e acabei me descobrindo! Escrever a mão, sozinha, no seu canto, tem a magia da sinceridade... Nunca escrevi um texto tão intenso como aquele.
A diferença entre digitar na caixa de texto de um site, e escrever a caneta num papel, é que enquanto digito, não penso que escrevo um texto pra mim! Estou ciente de que escrevo um texto para os outros... E aí, me torno incrivelmente superficial! Sem segredos íntimos, nem revelações da minha vida particular, nem dos meus pensamentos mais secretos, o que faz com que eu não me permita encontrar uma solução para o que me aflige! Isso porque, eu não abordo as questões em suas raízes... Não abordo de fato a minha realidade cotidiana, os cantos por onde andei, o que pensei comigo, o que senti sozinha... Nada disso entra no texto escrito para os outros.
Já, naquele texto escrito pra você, você não se preocupa em não revelar informações íntimas, ou dados pessoais, ou sentimentos intensamente seus, não se preocupa com erros de ortografia, nem com tanta coesão e coerência, nem redundância ou tampouco poesia. São apenas as palavras, nuas e cruas, traduzindo sentimentos.
Esse texto que escrevi, em particular ficou um tanto bonito. Consegui botar pra fora o que via web não consegui a vida inteira! E graças a isso, consegui achar a solução pra minha angústia teoricamente inexplicável. Esse texto, antes de tudo, me ajudou a conhecer a mim mesma. Me permitiu explorar meus próprios medos, e descobrir coisas sobre mim que eu mesma não sabia. Falei da minha vida, da minha cara e coragem, do meu coração, das minhas vontades, de amor, de mudança, de força... Um pouco de tudo! E aos poucos, sem perceber fui me auto-explicando e clareando minhas idéias de uma forma tão satisfatória, que encontrei a solução para algo que eu nem sabia que existia.
Pensei algumas vezes em digitar esse texto, e divulgá-lo aqui. Comecei a transcrevê-lo, mas logo vieram todas aquelas preocupações de um texto feito para os outros, e eu percebi que para divulgá-lo, teria de fazer tantas alterações que não seria mais o meu texto! Então o dobrei, e coloquei na página 142 do livro Doidas e Santas (Martha Medeiros), que foi o trecho onde a inspiração me bateu na minha porta e eu parei para escrever esse texto codinome "Minha Salvação"...
Quem diria, que uma caneta sem tampa e um sulfite amassado teriam tanto poder? Pois é, nem eu diria...

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